domingo, 22 de outubro de 2017

Na postagem anterior muitas pessoas me perguntaram porque preferi paz e prosperidade ao invés de riqueza, “grana”. O dinheiro é vendaval como na composição de Paulinho da viola. Dinheiro eu gosto e quem não gosta? Entretanto, na atual conjuntura brasileira, muitos que arrecadaram milhões ou bilhões de reais, via corrupção, ou estão presos ou estão com medo de ir para prisão.


 Capítulo I
            INFÂNCIA

A primeira vez que Luiz teve visão de entidade que parecia querer-lhe transmitir uma mensagem aconteceu quando ele tinha um pouco menos de 8 (oito) anos de idade. O Sr. Francisco ou compadre do pai de Luiz era baiano, morador do sitio da família em um lugar chamado bairro da Alegria. O seu pai batizava todos os filhos do Sr. Francisco e assim ficou sendo compadre do seu pai e também compadre de todos do sítio.
         O compadre preparava o cavalo do menino Luiz e ele ia para o arrendamento onde a família plantava batatinha. O pai e os ajudantes iam de trator e o menino a cavalo. Cortava o caminho passando por meio de uma mata e atravessava o córrego, afluente de um rio da região.
         Certa vez o cavalo se assustou com alguma coisa. Pulou e derrubou o menino no chão. Saiu correndo em disparada. O trator com o pai e os camaradas – nome que se dava aos ajudantes do sitio, já devia estar no arrendamento. O menino estava estatelado no chão.
         Ele não chorou. Ficou muito apavorado. Horas se passaram, foi se acalmando até que se debruçou e viu um buraquinho onde uma abelha entrava e saia retirando um grão de terra. Ficou olhando o trabalho daquele inseto.
Começou a conversar com a face encostada no chão. Ouviu vozes que diziam para se acalmar.
- Quem são vocês? Indagou Luiz.
- Somos seus amigos da terra. Nós moramos aqui há séculos.
- O que é século? Perguntou.
- Desculpe meu amiguinho. São anos que se passaram. Estamos aqui há muito tempo, bem antes de você nascer. Você pode nos chamar simplesmente de amiguinhos. Sempre que precisar encoste o seu rosto, no travesseiro da sua cama e converse conosco. Somos a resposta para os seus problemas, para as suas aflições e para suas dúvidas.
O menino acordou na sua cama. O “camarada” de nome Mané Paraguai viu-o debruçado no chão e levou até a sua casa.
A mãe estava toda apavorada. Até chamou o Dr. Carlos, médico e amigo da família. Ele disse que não tinha ferimento nenhum. O menino estava bem.
O compadre nunca mais preparou o cavalo. Nunca mais o menino andou a cavalo. Ia ao arrendamento juntamente com os outros. Na carreta do trator Fordinho. A sua função era de costurador de sacos, de batatinha ou amendoim, dependendo da safra.
Sob o sol causticante, após uma jornada árdua de trabalho, às vezes com calos nos dedos de tanto costurar a boca de sacos, deitava no chão e conversava com os seus amiguinhos.
- Amiguinhos, será que o meu futuro é ser costurador de sacos?
- Não, eles respondiam. Você vai ser o doutor da terra, vai estudar e dedicar a sua vida à terra.
O menino não tinha entendido como poderia chegar lá. Um dia na hora da boia fria, perguntou para o seu pai.  
- Como vou conseguir ser doutor da terra?
- Luiz, você pode ser agrônomo.
- Agro o que? Perguntou
- Quando você crescer você poderá fazer faculdade de agronomia e ser agrônomo.
Com menos de oito anos ele já tinha escolhido a profissão. Ia ser agrônomo. O melhor agrônomo do mundo.
A noite, com a cabeça sobre o travesseiro voltou a conversar com seus amiguinhos.
- Vou ser agrônomo. Doutor da terra como vocês me mostraram o caminho.
Com um pouco mais de 8 anos, sua avó levou-o para uma casa que o seu pai alugara na cidade. Foram em principio três irmãos. Isa, Mara e Luiz. Matricularam no mesmo grupo escolar que foi o começo de sua vida acadêmica. Se virar doutor da terra, o maior mérito foi da avó que cuidou dos três netos, e depois de mais dois irmãos de Luiz.


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